- 5 de janeiro de 2021
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O mercado de trabalho brasileiro apresenta um abismo social quando comparadas as oportunidades entre trabalhadores negros e brancos. A falta de representatividade é, dentre outros fatores, um dos motivos para tornar essa disparidade tão grande.
Antes de mais nada, é sempre muito importante lembrar que não existe racismo de negros contra brancos, o chamado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos.
Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui.
A inclusão racial dentro das empresas
O Brasil tem protagonizado acontecimentos na última década, em que a democracia foi posta em questão, parcial ou inteiramente.
Junto à mídia tradicional, o Sistema de Justiça exerceu, por ação ou omissão, papel fundamental em todos os grandes eventos que fragilizaram a democracia brasileira em tempos recentes, boa parte disso causado pelo capitalismo. E ao lado do advento do governo Bolsonaro e do bolsonarismo, membros das instituições do sistema têm aparecido na cena pública, questionando pautas e valores conquistados pelos processos civilizatórios.
Hoje, vamos falar sobre o caso da empresa Magazine Luiza, que acaba de concluir o processo seletivo para a edição de 2021 de seu programa de trainees voltado apenas para pessoas negras.
A iniciativa é pioneira em nosso país e rendeu muito aprendizado não só para as competências técnicas, mas também comportamentais. Entretanto, muitas pessoas julgaram o ato como discriminatório, o que não é verdade. Pelo contrário, essa ação pode ser o primeiro passo das grandes corporações para reparar o prejuízo social contra os negros no Brasil.
Porém, o sucesso da campanha da empresa venceu o lado extremista em nosso país, o que contribuiu para aumentar o número de inscritos, superando os 22,5 mil candidatos. E, com uma oferta de talentos maior, a empresa contratou 19 trainees, em vez de 10, como o habitual.
Esta será a maior turma de trainees formada pela companhia. Como base de comparação, o programa do ano anterior, que seguia o padrão de mercado sem a temática racial, teve menos de 18 mil inscritos, com 12 selecionados.
Muitas histórias de pessoas trabalhadoras e que fazem parte de um povo guerreiro passaram pelos processos da Magazine Luiza. E é sobre isso que devemos valorizar, histórias!
Nossa gente é marcada pela luta por uma vida melhor. E, após anos sendo colocados em segundo plano ou até mesmo excluídos do mercado de trabalho, o povo negros teve nessa vitória da inclusão, um marco para buscar um pais justo.
Programas do governo também colaboram com a igualdade e formação
Como qualquer processo seletivo para vagas de trabalho, este também contava com um grande número de ex-intercambistas que estudaram em diversos países ao redor do mundo.
E o que mais chamou a atenção é que em sua maioria, realizaram o intercâmbio através do programa Ciência Sem Fronteiras, criado pelo governo Dilma Rousseff em 2011 para incentivar a formação acadêmica no exterior, oferecendo bolsas de iniciação científica e incentivando projetos científicos em universidades de excelência em outros países.
O programa, que tinha uma política de Estado com potencial para colocar o Brasil na rota do desenvolvimento pela via do conhecimento, atendeu 35 mil bolsistas somente em 2015.
O Ciência sem fronteiras é fruto de esforço do Ministério da Educação em conjunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de suas instituições de fomento Capes e CNPq, e secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.
Histórias de luta pela inclusão social

O recrutamento também registou diversidade cultural, como o nigeriano Oluwaseyi Longe, 23 anos, que tem Engenharia Química na Unicamp e estágio na Unilever. Veio para o Brasil com um ano de idade, mas depois passou parte da infância na Inglaterra com a família, que deixou a África em busca de melhores condições de vida.
Conforme a alagoana Raíssa Lima, aprovada no processo seletivo, as possibilidades para as pessoas negras são poucas, principalmente se a pessoa é moradora de uma periferia.
Ao longo da seleção, apresentaram experiências que são valorizadas pelos recrutadores porque apontam traços de personalidade resiliente, de luta por uma vida melhor e também pela igualdade.
Nós, do LeftBank buscamos diariamente contribuir com o povo brasileiro em toda a sua diversidade. Fazemos questão de falar que não queremos clientes, mas sim parceiros.
Crescer juntos faz parte da história nossa gente!
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